Alma triste e abatida, coração aflito por um amor perdido, lá vai o moço mais uma vez a procura da felicidade perdida.
Quantas vezes desprezou o amor daquela que ao seu lado estava, que o amava incondicionalmente. Ele não percebia que ele era tudo pra ela, ou percebia e não tinha coragem de se expressar ou mudar de vida. Mas em um amanhecer de segunda, após ficar todo o final de semana fora, não encontrou mais aqueles que sempre esperavam por sua volta, apenas um bilhete com um desabafo daquela que humilhada e cansada pelos constantes deslises do seu incorrigível marido, foi-se embora.
Agora sozinho, sem rumo, saia todos os dias para destino desconhecido a procura da felicidade perdida, na verdade ele sabia onde sua felicidade estava, mas era orgulhoso o suficiente para não reconhecer que estava errado. Então ele andava errante, por caminhos escuros e sombrios, à procura de conforto para sua alma. Quem sabe naqueles copos de cerveja, ou naquelas gramas de uma droga proibida não estavam a porção mágica que o fizesse esquecer todo o sofrimento da perda de sua amada? Ou será que estava precisando de serviços das profissionais do amor?
Mas que nada, ele estava era cada vez mais envolvido em um mundo distante da realidade, e a frustração o acompanhava por todos os dias de sua vida. Quantas vezes no auge do arrependimento, ele amaldiçoou o dia em que teve um encontro com as drogas, e com a bebida, mais com eles estava envolvido até os ossos. O que era só uma diversão para tirar um pouco da angustia do seu coração, virou uma necessidade. Quantas vezes na calada da noite, aquele moço de boa família e de aparência, chegava no morro à entrada da biqueira e em meio a pessoas perigosas, embrenhava naquele labirinto procurando pelo pó branco, que lhe daria "energia" para encarar uma noite longa e perigosa. Do seu amor, não se lembrava mais, seus filhos e sua amada, já não eram mais a prioridade para ele. Agora ao lado de malandros e meretrizes era sempre visto, ele não fazia nem questão de esconder.
Coitado daquele moço, ficou só a pele e osso. Sua vida agora era curtir à noite e dormir de dia, sem forças para o trabalho, sem forças para retomar sua vida. Ao invés de se reerguer, preferiu culpar aquela que cansada de esperar, foi viver sua vida bem longe da má influencia que ele causava. E em mais uma daquelas noites sombrias, no auge da fissura reapareceu para tentar um acordo com aqueles seus credores antigos na biqueira do morro, mas não sabia que sua sentença já havia sido dada, e de lá nunca mais voltou ou foi visto, dizem algumas vozes anonimas por ai, que ele foi para o microondas.
Aqui relato algumas historias veridicas,outras fictícias de forma simples.Não sou escritor,poeta ou algo do gênero,mas gosto de escrever.Reconheço não haver muita concordância na ortografia dos meus relatos,mas ésta foi a melhor forma que encontrei para contar,algumas histórias e pensamentos que me vem à mente.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
A mulher que ama
A mulher que ama, sofre calada. Quantas vezes ela queria gritar, espernear e dizer para o seu amado, olha eu estou aqui, veja como estou bonita, sai da frente desta televisão, deste computador, e perceba que me produzi toda para você. Mas ela sabe que se dizer tudo que quer, será mau interpretada, e por isso sofre...
Sofre porque não sabe onde está o pensamento vago do seu amado, sofre porque não sabe o motivo que ele não chegou no horário esperado para o almoço, ou para o jantar, porque ao invés de passar um final de semana ao seu lado, prefere dedicar parte do seu tempo aos amigos, e ao seu hobby predileto... Por outro lado se sente como uma rainha quando ele emfim, resolve expressar seus sentimentos e dizer o quanto a ama, o quanto ela é importante para ele. Talvez ele não perceba, mas tudo que ela quer, é um pouco mais de atenção, um pouco mais de carinho. Ela que dedica quase todo o seu tempo para o bem estar do seu amado, só quer que ele seja justo, e divida o seu tempo da maneira mais justa possível, ao invés de dedicar quase todo o seu tempo ao seu bel prazer...
Ora é perfeitamente possível e humano até, ele se divertir, e dedicar um pouco do seu tempo para o seu lazer. Mas está por fora, ele achar que sua vida se resume a trabalhar, e quando tem um tempo de folga, se dedicar mais ao bem próprio, do que ao bem comum. Está na hora de ele reconhecer este amor, e se esforçar um pouco mais para satisfaze-la, ou então corre o risco de ter dentro de casa uma mulher deprimida, sem vontade de se arrumar, sem vontade de ser aquela mulher linda e perfeita que ele sempre teve, e que sempre adorou ter e quer continuar tendo. Porem não sabe que o maior combustível para que uma mulher que ama muito continue amando, é pura e simplesmente, o reconhecimento, e não só o reconhecimento mas também a recíproca. Porque quem quer continuar sendo amado, também precisa amar, e amar a ponto de abrir mão de coisas, que as vezes não quer abrir mão, mais que é perfeitamente dispensável.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
O agasalho marrom e a chuteira Topper
Ser jovem e não poder usar as roupas que queria, por falta de condições para comprar, no meu tempo de criança era um pouco angustiante, mas até normal, porque todos, na escola, no convívio do dia a dia... se vestiam com muita simplicidade, roupa nova mesmo só em alguma ocasião especial, ou no final de ano, quando alguns pais que trabalhavam recebiam o decimo terceiro salário, e compravam roupas novas para toda a família para se usar o ano todo. E lá em casa, a tropa era grande, imagina então a dificuldade para vestir toda aquela criançada ( eram dez crianças, seis meninos e quatro meninas). No nosso caso era um pouco mais difícil, pois desde que me conheço por gente, meu pai já estava aposentado, e vida de aposentado no brasil já sabemos a miséria que é. E como eu sou o mais velho dos irmãos da família, e desde muito pequeno, já passava por dificuldade. Pode- se imaginar que ninguém nesta família teve vida fácil.
Ter um pai que sofreu a vida inteira para sustentar sua família, e saber que mesmo passando por dificuldades, ele sempre correu atras para dar o sustento aos seus filhos, e nunca abandonou o barco. Me faz admirá-lo ainda mais, porque hoje sendo eu um pai de família, sei a dificuldade que é, manter uma casa, sustentar os filhos, dar-lhes roupas, material escolar, comida, brinquedos... Claro que ele não conseguia dar sempre o melhor para nós, mas o que ele podia fazer por nós, ele fazia. Lembro- me de quando eu e meu irmão Claudinei, já estávamos um pouco crescidos demais para usar roupas muito velhas ou muito ultrapassadas para nossa idade, meu pai fez um financiamento em uma loja e nos comprou dois agasalhos da topper idênticos em formato e cor, e também comprou uma chuteira da mesma marca para mim, porque sabia que eu adorava jogar futebol, e achava que estava na hora de eu jogar com chuteira e não mais com o meu kichute velho, furado bem perto do bico, um pouco antes da borracha que protegia este.
Fiquei feliz da vida com os presentes, e não via a hora de chegar a segunda feira para mostrar para meus amigos o presente que meu pai havia me dado. A noite de domingo para segunda, perecia que não chegava nunca, quase não dormi direito. Então quando emfim chegou o grande dia, minha mãe não precisou nem me chamar como fazia todos os dias, e nem precisou insistir para eu sair logo da cama, pois estudar era preciso para eu ser alguém na vida, naquela segunda feira, o discurso todo foi desnecessário. Pulei rápido da cama e me vesti com tanta vontade que bati o recorde de tempo. Coloquei meu agasalho marrom, calça e blusa, meião e também a chuteira (coitado de mim, nem imaginei que iria ser o dia mais longo de aula da minha vida) e parti.
Chegando na escola com aquele agasalho bonito, listrado com duas listras brancas nas laterais, e todo marrom, logo meus amigos notaram que era novo, também não era pra menos, como não notar, eu só faltava esfregar na cara deles... O duro foi eu ter tido a infeliz ideia de ter colocado a chuteira nos pés para ir à escola, os moleques quando perceberam que eu estava de chuteiras na escola, e não de tênis, como era o natural, começaram a rir, e a rir tanto,que eu não sabia onde enfiar a cara de tanta vergonha. O potóque, potóque que fazia a cada passo que eu dava na escola, (parecendo um barulho do salto alto, que as mulheres usavam, ou o cavalgar de um cavalo no asfalto), chamavam ainda mais a atenção da molecada, e de longe já gritavam, lá vem o jogador de futebol, onde vai ser o jogo hoje?, na quadra da escola?, mas dá para jogar de chuteiras?, e davam muitas risadas.
Quando deu o horário da merenda (intervalo), eu não coloquei minha cara para fora da sala. Pensa que eu fiquei livre da zoeira? Que nada, eles fizeram questão de terminar logo,suas refeições e voltar para sala, e mais risadas. Quem não era da classe, como o Tião, (que também tinha me visto na entrada) e não podia entrar na sala, para não ser surpreendido pela minha professora, vinha por traz da classe, e pela janela, me olhava, e perguntava, onde vai ser o jogo? E faltava rolar no chão de tanto rir.
O dia demorou a passar, mas passou, o sarro não parou, e por muitos dias se lembraram da gafe que eu tinha dado. Mas nem o sarro, nem a vergonha que passei, conseguiram tirar a felicidade, que senti por ter recebido um presente tão importante para mim. E o orgulho que senti do meu pai, por ter feito um esforço tão grande para fazer seu filho feliz.
Ter um pai que sofreu a vida inteira para sustentar sua família, e saber que mesmo passando por dificuldades, ele sempre correu atras para dar o sustento aos seus filhos, e nunca abandonou o barco. Me faz admirá-lo ainda mais, porque hoje sendo eu um pai de família, sei a dificuldade que é, manter uma casa, sustentar os filhos, dar-lhes roupas, material escolar, comida, brinquedos... Claro que ele não conseguia dar sempre o melhor para nós, mas o que ele podia fazer por nós, ele fazia. Lembro- me de quando eu e meu irmão Claudinei, já estávamos um pouco crescidos demais para usar roupas muito velhas ou muito ultrapassadas para nossa idade, meu pai fez um financiamento em uma loja e nos comprou dois agasalhos da topper idênticos em formato e cor, e também comprou uma chuteira da mesma marca para mim, porque sabia que eu adorava jogar futebol, e achava que estava na hora de eu jogar com chuteira e não mais com o meu kichute velho, furado bem perto do bico, um pouco antes da borracha que protegia este.
Fiquei feliz da vida com os presentes, e não via a hora de chegar a segunda feira para mostrar para meus amigos o presente que meu pai havia me dado. A noite de domingo para segunda, perecia que não chegava nunca, quase não dormi direito. Então quando emfim chegou o grande dia, minha mãe não precisou nem me chamar como fazia todos os dias, e nem precisou insistir para eu sair logo da cama, pois estudar era preciso para eu ser alguém na vida, naquela segunda feira, o discurso todo foi desnecessário. Pulei rápido da cama e me vesti com tanta vontade que bati o recorde de tempo. Coloquei meu agasalho marrom, calça e blusa, meião e também a chuteira (coitado de mim, nem imaginei que iria ser o dia mais longo de aula da minha vida) e parti.
Chegando na escola com aquele agasalho bonito, listrado com duas listras brancas nas laterais, e todo marrom, logo meus amigos notaram que era novo, também não era pra menos, como não notar, eu só faltava esfregar na cara deles... O duro foi eu ter tido a infeliz ideia de ter colocado a chuteira nos pés para ir à escola, os moleques quando perceberam que eu estava de chuteiras na escola, e não de tênis, como era o natural, começaram a rir, e a rir tanto,que eu não sabia onde enfiar a cara de tanta vergonha. O potóque, potóque que fazia a cada passo que eu dava na escola, (parecendo um barulho do salto alto, que as mulheres usavam, ou o cavalgar de um cavalo no asfalto), chamavam ainda mais a atenção da molecada, e de longe já gritavam, lá vem o jogador de futebol, onde vai ser o jogo hoje?, na quadra da escola?, mas dá para jogar de chuteiras?, e davam muitas risadas.
Quando deu o horário da merenda (intervalo), eu não coloquei minha cara para fora da sala. Pensa que eu fiquei livre da zoeira? Que nada, eles fizeram questão de terminar logo,suas refeições e voltar para sala, e mais risadas. Quem não era da classe, como o Tião, (que também tinha me visto na entrada) e não podia entrar na sala, para não ser surpreendido pela minha professora, vinha por traz da classe, e pela janela, me olhava, e perguntava, onde vai ser o jogo? E faltava rolar no chão de tanto rir.
O dia demorou a passar, mas passou, o sarro não parou, e por muitos dias se lembraram da gafe que eu tinha dado. Mas nem o sarro, nem a vergonha que passei, conseguiram tirar a felicidade, que senti por ter recebido um presente tão importante para mim. E o orgulho que senti do meu pai, por ter feito um esforço tão grande para fazer seu filho feliz.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Invadindo privacidades
Sujeito cômico, sistemático, cheio de superstições e manhas, mas no geral um cara legal. Quando estava de folga do serviço, religiosamente colocava sua bandana na cabeça e embarcava no seu Gurgel rumo à baixada santista. Adorava cair na estrada com seu carro antigo, mas bem conservado, seu hoby predileto.
No serviço, operário padrão, sempre um dos primeiros a chegar. Gostava de chegar adiantado para se trocar com tranquilidade e montar seu kit "sobrevivência". Dentro de sua mochila itens dos mais variados, biscoito de água e sal com gengelim , pão francês, patê de alho, café solúvel, leite em pó, radio a pilha, e o inseparável binóculo ( que segundo ele era oriundo do exercito russo, com longo alcance e visão noturna). Quando a maioria do pessoal chegava, ele já estava pronto e se direcionava para o seu posto de serviço, porque ele detestava a bagunça que o pessoal fazia quando se reunia naquele vestiário.
Sempre escalado em postos estratégicos, porque era um cara antigo no emprego e além de tudo dificilmente sentia sono, era um cara sempre vigilante. Mas mesmo que sentisse sono não teria como cochilar, porque nunca se trabalhava sozinho em postos estratégicos. Bom para quem gosta de trocar ideias, de conversar, mas quando o movimento estava tranquilo, ele gostava mesmo era de ficar focando seu binóculo e observando o que acontecia nos entornos daquela empresa. Com aquele instrumento, ele ficava horas, observando tudo que se passava por ali. quando uma lampada se acendia em alguma casa perto dali, ele logo direcionava seu binóculo russo, para ver se dava sorte de encontrar alguma "dona" generosa se trocando com a janela entreaberta, e praticamente não havia um dia sequer, que ele não tivesse uma historia para contar.
Aquele ritual, causava a curiosidade dos seus colegas de trabalho, e algumas raras vezes, ele emprestava seu binóculo para eles matarem a curiosidade. Não demorou muito, e uma boa parte dos seus colegas de trabalho começaram a adquirir aparelhos semelhantes (porém não russos, mas do Paraguai) para compartilhar desta pratica que divertia as madrugadas monótonas. Atividade que os mantinham acordados e alertas, tanto no seu trabalho quanto no que acontecia nas redondezas dali.
E o incrível é que as pessoas, mesmo estando em casa, de folga do trabalho, longe de obrigações... Seguem rituais e rotinas, que não quebram nem por decreto, e assim se tornam vulneráveis, e acreditem sempre vai ter alguém a posto esperando o momento certo para se deliciar ou se divertir vendo e compartilhando, daquilo que talvez, não lhe fosse de direito. Mas por descuido, ou por generosidade de alguém, se torna público. E com certeza isso será o combustível para que no dia seguinte, no mesmo bat horário, alguém ansioso, estará esperando para "invadir privacidades"...
No serviço, operário padrão, sempre um dos primeiros a chegar. Gostava de chegar adiantado para se trocar com tranquilidade e montar seu kit "sobrevivência". Dentro de sua mochila itens dos mais variados, biscoito de água e sal com gengelim , pão francês, patê de alho, café solúvel, leite em pó, radio a pilha, e o inseparável binóculo ( que segundo ele era oriundo do exercito russo, com longo alcance e visão noturna). Quando a maioria do pessoal chegava, ele já estava pronto e se direcionava para o seu posto de serviço, porque ele detestava a bagunça que o pessoal fazia quando se reunia naquele vestiário.
Sempre escalado em postos estratégicos, porque era um cara antigo no emprego e além de tudo dificilmente sentia sono, era um cara sempre vigilante. Mas mesmo que sentisse sono não teria como cochilar, porque nunca se trabalhava sozinho em postos estratégicos. Bom para quem gosta de trocar ideias, de conversar, mas quando o movimento estava tranquilo, ele gostava mesmo era de ficar focando seu binóculo e observando o que acontecia nos entornos daquela empresa. Com aquele instrumento, ele ficava horas, observando tudo que se passava por ali. quando uma lampada se acendia em alguma casa perto dali, ele logo direcionava seu binóculo russo, para ver se dava sorte de encontrar alguma "dona" generosa se trocando com a janela entreaberta, e praticamente não havia um dia sequer, que ele não tivesse uma historia para contar.
Aquele ritual, causava a curiosidade dos seus colegas de trabalho, e algumas raras vezes, ele emprestava seu binóculo para eles matarem a curiosidade. Não demorou muito, e uma boa parte dos seus colegas de trabalho começaram a adquirir aparelhos semelhantes (porém não russos, mas do Paraguai) para compartilhar desta pratica que divertia as madrugadas monótonas. Atividade que os mantinham acordados e alertas, tanto no seu trabalho quanto no que acontecia nas redondezas dali.
E o incrível é que as pessoas, mesmo estando em casa, de folga do trabalho, longe de obrigações... Seguem rituais e rotinas, que não quebram nem por decreto, e assim se tornam vulneráveis, e acreditem sempre vai ter alguém a posto esperando o momento certo para se deliciar ou se divertir vendo e compartilhando, daquilo que talvez, não lhe fosse de direito. Mas por descuido, ou por generosidade de alguém, se torna público. E com certeza isso será o combustível para que no dia seguinte, no mesmo bat horário, alguém ansioso, estará esperando para "invadir privacidades"...
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