quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Tempo bom

Ainda ontem o menino brincava no mato, corria descalço jogava bola no campinho de terra e enlameado ficava...
Ainda ontem esse mesmo menino gritava pro tio Daico lhe ajudar e era remendado pelo seu Zé Baiano. "Tio Daíiicoooo"! o véio zoava o pobre menino, que envergonhado ficava...
Ainda ontem, ele era repreendido por sua mãe "Nelda" porque acabara de aprontar das suas peripécias...
Era tarde e o menino juntamente com seus irmãos ainda não voltaram. Resolveram se banhar nas águas da mina no meio do mato e cantarolar uma canção inesquecível (e na cacimba não tem água pra lavar...), além de levar uma coça do seu Zé, não escaparam do sermão da Neldinha.
Ainda ontem, na companhia de pessoas maravilhosas o menino se divertiu, aprendeu, sorriu e sofreu. Sorriu com as prosas do seu Geraldo do bar, da dona Guilhermina, da dona Merinda, da Cida, Edgar e outros tantos. Se divertiu nas festas de fim de ano na casa dos seus avós João e dona Dé, na companhia dos seus primos Roberto, Marcelo, Sérgio, Waguinho, Rubinho, Patricia, Simone,Kika, Marcelinho, Teco entre outros. Na companhia dos seus tios Vange (fi dum rato)e Lita, Vera e Toni, Beto e Celia, Gildo e Ivonete, Rubens e Silvia e Ni e Déte seus padrinhos.
Parece que foi ontem que se viu esse menino viver tudo isso, e mais um pouco. Tempos áureos que não voltam mais...

sábado, 23 de novembro de 2013

Sair de fininho


Segunda feira brava! Calorão, vou dar um migué, enganar o professor e pular o muro da escola com destino ao poção.
Os moleques estão todos por lá, mó muvuca, eu vou me jogar daqui, o professor tá só enchendo linguiça nem vai perceber a minha ausência.

Esperem por mim molecada! Daqui a pouco estou chegando por ai vou me refrescar desse calor também. Quem sabe depois de nadar a gente não bate aquela pelada no beira rio até que as nossas roupas se sequem no sol escaldante...
Hoje o melê vai ser de lascar, fiquei sabendo que tá todo mundo por ai o bicho vai pegar, vou roubar no sorteio pra conseguir pegar um bom parceiro e encher o saco de fazer gols. O duro vai ser não ser puxado pelas calças pelos inspetores da escola, enquanto pulo esse muro alto do caramba...

domingo, 9 de dezembro de 2012

O MUNDO DA MUITAS VOLTAS


O ponteiro do relógio dá vinte e quatro voltas completas na circunferência, rodando sobre seu eixo para que se complete o ciclo de um dia.
As meninas quando brincam dão meia volta e volta e meia na ciranda cirandinha...
O garoto maroto dá uma volta na menina e sai com uma nova moça para uma noitada. Moça que logo depois, ele deu uma volta e meia para voltar ao amanhecer aos braços da menina amada.
Menina que, escaldada e revoltada, deu volta sobre volta no garoto maroto, e depois de vingada, disse ao garoto: Não tem volta!
O ente querido, enfermo, moribundo, não resiste e entra no mundo sem volta, mais vira e mexe volta, na memória daqueles que sente a sua falta...
Viajantes vão, e depois voltam, a saudade de quem se foi insiste, volta sempre...
O marido traído, deseja que a traidora vá, e nunca mais volte... O seu coração, quer que ele vença o orgulho, e a deixe arrependida voltar...
O velho deseja voltar à infância. A mãe deseja que seu filho adulto, volte a ser o seu bebê.
Não importa, quantas voltas levou, quantas deu... O importante é saber que, (o mundo dá muitas voltas)se hoje tu sofres, amanhã ao amanhecer o sofrimento sessará, se velho demais estás para agir, novo te faz o entendimento para reagir e dar a volta por cima...
De uma volta e volte e meia em seus críticos, confunda, enlouqueça-os... Olhe em sua volta! há alguém neste mundo mais importante que você?
Eu aposto tudo que está em minha volta. Nada pode te derrotar, você é Fera!!!



terça-feira, 13 de novembro de 2012

DIA E NOITE, NOITE E DIA

Certa feita um homem chamado Jó amaldiçoou o dia em que nasceu...
Nas nossas vidas houveram dias que não deveriam ter existido, mas a vida é assim...
Dias de angústia, noites de dor...
Choros e prantos, ranger de dentes...
Desilusão, desamor, desavenças e desacertos não deveriam existir, más existem... existem para que como Jó, venhamos a sofrer, sofrer calados, ou sofrer gritando e amaldiçoando os dias, e também as noites de sofrimento e angústias que esta vida muitas vezes nos proporciona...
Assim também como aquele homem, seremos dignos de sofrer os nossos carmas, as nossas provações... Amaldiçoar o dia que nascemos, ou as noites que sofremos, más nunca se rebelaremos contra o Criador do mundo, do sistema solar, do ciclo de dias e noites... porque assim como dias tristes e noites dolorosas vieram, também virão dias e noites maravilhosas que vamos lembrar e celebrar pro resto de nossas vidas...
Vamos celebrar e vida, não desistindo nunca, enfrentando dias e noites sombrios, e celebrando os dias e as noites maravilhosas que tivemos e que ainda teremos, exaltando e agradecendo ao Criador por tudo isso...

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Estou na torcida por você

Ainda me lembro do seu primeiro dia de aula, ainda guardo recortes de revistas que você fez para formar as primeiras frazes da sua vida...
Quanto orgulho senti quando no dia dos pais, junto a um presente maneiro, um bilhete com sua letra torta e meio sem forma me homenageava dizendo: fElIz dIA DoS pAIs, eU tE aMo Do fUnDo Do MeU CorAcAo! Tudo está bem guardado, entre os meus documentos, dentro do meu coração...
Não me contia de alegria, eu tinha certeza, você seria o melhor... Você seria diferente de mim, (que não tive a mesma sórte) -embora eu gostasse de estudar, meus estudos sempre foram interrompidos, pelas muitas separações dos meus pais, que por conta disso me tiravam da escola-, pelo menos você estava tendo a chance de estudar, seu pai e sua mãe sempre te incentivaram, e nunca te tiraram da escola, por nenhum motivo, apesar das dificuldades...
Um filho estuda não somente para dar orgulho aos seus pais...
Um filho estuda para ter dignidade, para ser alguém na vida, estuda para não precisar ser direcionado, e muito menos inganado ou manipulado por ninguém...
Sinto falta daquele filho dedicado a aprender algo, daquele filho que tinha orgulho de chegar da escola e cantar as musicas educativas que havia aprendido, " b a ba, ba, b e be, be , b i bi..." Tabém sinto falta daquelas viagens de ônibus em que no meio do caminho você me chamava a atenção para mostrar o letreiro, a placa de rua... Que você acabara de ler, eu tinha certeza, este meu garoto tem futuro!!!
O que aconteceu meu filho? Cadê você? Você não é esse cara que está querendo ser... Perdeu o desejo de impressionar seu pais? Tudo bem, eu entendo, você cresceu e percebeu que eu sou cheio de defeitos, más não pode nunca desistir de si mesmo... É o seu futuro que está em jogo, são seus filhos que virão que você vai precisar impressionar a partir desta transição adolescência/adulto...
Não entregue seu futuro à sorte, faça acontecer, não deixe que manipulem você como se fosse marionete, porque o mundo de hoje é muito competitivo, e não se expante se amanhã, aquele que te induz ao erro hoje, te passar a perna...
Reaja, enquanto a tempo, eu conheço a sua capacidade e sei que você pode muito mais que isso, se eu não mereço, faça isso por você, pela mulher que você vai amar e casar, e por seus filhos que virão, que eu vou ficar aqui, sempre TORCENDO POR VOCÊ...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Remédio para falta de macheza


Todo bom caçador não entra na mata sem suas tralhas, seu emborná, sua cartucheira, e seu cão farejador...
Dente de alho no bolso, camisa amarrada com nó cego na altura do umbigo garantem que as cobras peçonhentas mantenham distância, fumo de corda enrolado em palha, quando aceso, pernilongo nenhum resiste (não só eles)...
Todo bom caçador tem suas manhas e superstições...
Seu Antéro, veio de minas com toda a sua família morar por algum tempo em São Paulo, embora morasse no interior deste estado, não ficou por muito tempo por ali... Certo dia pegou a todos e se mudou para o Acre. Foi viver a vida ao seu jeito... Ali ele podia caçar à vontade... Quase todos os dias embrenhava mata adentro, e nunca voltava sem novidades...
E como gostava de contar história... Quando parava para contar suas peripécias, tinha que ter paciência para ouvir... (pensa que é só pescador que aumenta, suas histórias?) Certa vez voltou ao bairro onde morava em São Paulo, e cheio de histórias mirabolantes, encantava a todos alí no barzinho da Maria... Chegou com uns pedaços de nervos, e dizia a todos que aquilo ali era "pica de anta" (dos animais que "dizia",caçava aos montes lá no Acre) e que servia de remédio afrodizíaco... Homem bom de proza, não demorou muito para convencer a muitos ali, e vender vários daqueles nervos que dizia ser afrodizíaco (pica de anta), se a "pica de anta" resolveu algum problema de falta de macheza da velharada que dera ouvidos ou seu Antero, não se sabe, o que se sabe é que ninguém voltou para reclamar... E que, os trocados que seu antero arrecadou com a "marretágem", foram suficiêntes para não deixar suas contas penduradas no bar da Maria...

sábado, 28 de julho de 2012

O tenente, o rábula e o juiz

No sertão de Pernambuco, décadas passadas, os delegados eram escolhidos dentre os tenentes da polícia pernambucana. Invariavelmente, o critério da escolha era, além da divisa de oficial, a valentia. Quanto maior a bravura, melhor. Era designado prioritariamente. Se tivesse então trocado fogo com Lampião, ou com o bando dele, maior a cotação e o cartaz. Se a valentia era grande, a cultura era nenhuma. Os delegados do sertão pernambucano, na sua totalidade, eram analfabetos e dos bons.
Feito este intróito, indispensável à clareza do que vai avante, segue-se o relato ocorrido na cidadezinha dos Malta.
Foi para lá nomeado delegado um desabrido tenente, da Força Pública local. Homem macho, que não rejeitava parada, por mais indigesta que fosse. Assim que foi nomeado, por portaria, delegado da localidade, quis logo testar seu poder. Bastava que alguém olhasse para ele um pouco mais demorado, para ouvir logo o berro:
- Teje preso, seo bandido! Nunca viu delegado em sua vida? Pois tá preso, até segunda ordem.
Para encerrar a advertência, saltava correndo o latinório dura lex, sed lex, que, para sua santa ignorância, era dito assim:
- Comigo é no duro: séde léque, séde, léque!
E acrescentava:
- É pra prová a minha portaria de nomeação.
Sucedeu então que um rábula, um tanto apressado, requereu um hebeas corpus. Concedida a ordem pelo juiz da comarca, apresentou-se à polícia, com a ordem de soltura imediata.
- É para soltar o homem, seu tenente.
- Soltar quem?... O preso tá preso e bem preso.
- É uma ordem de habeas corpus, tenente - redarguiu o rábula.
-Bescorpo não manda aqui, não.
Quem manda aqui é o doutor juiz... Ninguém mais. Séde léque, séde léque.
E quase, quase o delegado não dava cumprimento à ordem judicial.




Texto escrito pelo advogado Paulo José da Costa JR., no jornal TRIBUNA DO DIREITO, que foi estraído do livro Crônicas de um Criminalista, Editora Saraiva.