sábado, 21 de abril de 2012

PESSOAS DIFERENTES, MORINGAS IGUAIS

Pessoas diferentes, épocas diferentes, cidades distantes, atitudes iguais. Naquela época, eu era tão pequeno, tão menino que não sei nem quem era o presidente do Brasil. Muito menos o nome ou o valor da moeda corrente da época. E pra não dizer que politicamente não me lembro de nada, eu sei que o prefeito da minha cidade se chamava Ademarzinho. Que a minha cidade tinha uma bela represa com uma cacheira fantástica e todos os finais de semana ficava cheia de turistas. lembro-me também que todos os anos no mês de junho, tinha uma festa junina sem igual naquela cidadezinha. Lugar bom de morar, cidadezinha acolhedora, poucos moradores, todos conhecidos. Um único lugar para se fazer compras de laticínios e cereais, no armazém do Mentonne. Um só lugar para comprar frutas, legumes e verduras, na quitanda do Álvaro e do Italiano. E se alguém ficasse doente, o Nicolau da farmácia tinha a solução, ele nem parecia farmacêutico, mais parecia médico, ou curandeiro. Pão e leite só na padaria do Maurício, mas o padeiro se encarregava de entregar a encomenda na casa das pessoas. Sobre esta pequena cidade eu já sabia quase tudo, mas alheio a isto tudo, eu só queria mesmo era brincar nas ruas sujas de terra sem calçamento dali. Além de brincar, eu adorava ouvir as histórias dos mais velhos. Adorava conversar com os adultos que sempre tinham uma bela história pra contar. Como eram sábios aquele pessoal. Zé Baiano, dona Merinda, seu Geraldo, Edgar, dona Nenzinha... Quantas prosas, quantas histórias fantásticas... De toda esta gente maravilhosa tenho saudades, e acredito que eles gostavam muito de mim, porque sempre que eu os encontrava para um papo, eles ficavam bastante tempo conversando comigo. Eu adorava também ir à casa do meu avô Antonio, que morava vizinho a casa dos meus pais. Meu avô Antonio e sua esposa Cida, viviam sós, em uma casa da pau a pique revestida com barro. Tudo muito rústico, mas muito bem cuidado pela Cida, ela era caprichosa, conseguia organizar aquela casa de barro que tinha o piso de chão batido, com um zelo de quem cuidava de uma mansão. Nada fora do lugar, chão de terra estupidamente limpo, sem nenhuma sujeira, nem poeira tinha. Parecia que era chão de cimento queimado. Aquela mulher apesar de viver em um lar tipicamente rural, tinha um orgulho estupendo de manter aquela casa bem organizada. As cortinas feitas à mão com material reciclável, plásticos e papéis de cigarro, cestinhas feitas com o mesmo material. A toalha de mesa feita de retalhos de pano, e sobre a mesa de tábua crua mantinha uma moringa, que além de manter a água de poço fresquinha e com o mesmo sabor, como se ainda tivesse no fundo daquele poço de vinte e três metros de profundidade, era uma bela peça de decoração. Tudo com a cara e o jeito daquela mulher, que embora não fosse minha avó, era como se fosse, -pois minha avó era falecida desde quando deu a luz ao meu tio, e eu nunca a conheci- e me agradava me tratando a pão de ló, todas as vezes que eu ia visitá-los. Quase todos os dias eu dava uma passada lá na casa do meu avô Antonio, eu gostava muito de ouvir as lindas histórias que o velho contava. Gostava muito mais das suas piadas, o Italiano carcamano era bravo mais adorava contar umas piadas. Gostava de ir ali, não só para ouvir o bom papo, mas também para fazer uma boquinha, claro ninguém é de ferro. A Cida mantinha sempre na chapa do fogão à lenha um bule com café, que nunca se esfriava, e escondido no buffet um bolo de fubá, que só era dado a quem eles realmente gostassem. Não raramente o papo ficava interessante e eu ficava horas por ali, e de vez em quando, aproveitava para jantar com eles. - seis da tarde a janta era posta à mesa- Não dava pra resistir aquele cheiro de comida mineira, bem temperada, aquele feijão, aquele angu, aquela couve bem picadinha, hum que delícia. O que mais me encantava de estar ali, era o respeito e o amor que me tratavam, aquela mulher, apesar de não ser minha avó, me tratava com carinho e respeito, talvez porque eu fazia aniversário no mesmo dia do mês que ela. Tempo bom... Há alguns dias conheci uma senhora, a dona Ivani, ou dona Diamantina como ela gosta, mãe de uma amiga minha, que me fez lembrar desta época áurea da minha vida. Dona Diamantina, diferente na cor, diferente no nome, na cidade que vive... Mas igual na generosidade, na hospitalidade, e também é boa de prosa. Estupidamente igual a Cida no zelo com as suas coisas, sua casa não é de barro, muito menos de chão terra batido, mas as suas coisas são todas arrumadinhas, ela também tem muita intimidade com os artesanatos. São vasos de flores, feitos com garrafas pet, porta retratos feito com material reciclável... Na cozinha nem se fala, uma especialista. Ela tempera um feijão sem igual, que lembrava em muito a época que eu filava a boia na casa da Cida, que arroz soltinho! Não faltou nem o angu. Foram poucos dias que passei na casa da dona Diamantina, mas o pouco tempo que passei por ali, fui tratado como um filho, não eram raras as vezes que a gente parava o serviço que eu estava fazendo pra ela, para prosear, e olha que dona Diamantina, a exemplo de muitas pessoas inteligentes que conheci, tem histórias pra contar. Uma senhora muito plugada nos assuntos políticos, que também adora contar tudo que ouvia nos noticiários dos programas jornalísticos que assiste. E pra me sentir mais em casa ainda, sempre quando estava com sede, dona Diamantina me trazia da sua moringa uma água geladinha e providencial, que de tão bem acondicionada pela moringa,
parecia ter saído da fonte do poço de vinte e três metros do meu avô.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Eram dois amigos, inseparáveis

Noite escura, caminhada longa, nada abalava a fé daquela dupla de cantores que adoravam louvar a Deus nas igrejas São Paulo afora.
Tudo muito sofrido, material comprado com muito esforço, entre cabos, plugs, guitarra, microfones, caixa amplificada e câmaras de eco, estava aquela dupla a louvar ao Criador, com muito fervor e adoração. E aja fé. Quantas vezes aqueles dois jovens pais de família, andaram kilometros a pé, para levar a mensagem cantada naqueles vilarejos distantes. Quase sempre em igrejas bem pequenas, mas pouco se importavam, a final de contas, nada cobravam, faziam aquelas apresentações com muito prazer e satisfação. Convites para eles se apresentarem não faltava. E eles não mediam esforços, encaravam ônibus lotados, sempre carregando todo o material necessário nos braços. Muitas vezes chegavam nos vilarejos, com os sapatos empoeirados pela caminhada mais felizes por estarem tendo a oportunidade de mostrar seu trabalho, e levar a mensagem cantada aos seus queridos irmãos.
Mordomias nesta jornada foram poucas, mas muita satisfação. Aquela dupla estava ficando famosa no extremo sul de São Paulo. E não demorou para aparecer convites para cantarem em Diadema, Cerraria, Taboão... Aliás, éstas foram as únicas vezes que os rapazes foram levados de carro até o local das apresentações, não precisando levar todo aquele material pesado nas mãos.
Era tudo tão diferente de hoje, eles tocavam hinos num estilo mais clássico e até meio sertanejo. Hoje não se ouve mais hinos assim nas igrejas, nada contra, mas se ouve muita musica dançante e estilo rock e pop.
Talvez por estarem cantando um estilo meio clássico e sertanejo, em um momento de transição, que já estava dando as caras nas igrejas, com a chegada de alguns cantores famosos, que outrora cantavam em bandas de rock pop mundo afora, e foram fazendo muito sucesso no meio evangélico na época, aqueles jovens senhores ficaram com o repertório muito curto, e aos poucos foram deixando de lado a prática de cantar, e foram adotando outras funções no ministerio do Senhor. Ambos foram levantados a cooperador, e continuaram a sair são Paulo afora, mas agora a ministrar a palavra e cada um para um lado diferente.
Muitas águas se passaram, um deles nem está mais nos caminhos, resolveu enterrar os talentos que tinha sem se dar conta que um dia estes mesmos talentos lhes serão cobrados com juros pelo seu credor. Já o outro, o que fazia a vós mais grave na dupla, continuou seu menistério da palavra, sem deixar de tocar e cantar também em suas ministrações. Foi levantado a Pastor e continua firme, fazendo render juros nos talentos que lhe foram emprestados, para devolver ao credor, com fartura.
Pastor Jose Luiz Rodrigues, hoje vive em São Mateus S.P., toma conta de um rebanho que o senhor o confiou, canta e ministra a palavra do Senhor, toca varios instrumentos musicais, continua muito bem casado com a missionária Cristina, e ao lado dos seus dois filhos, Weverton e Isaac.
O outro cantor da dupla? aquele que fazia a vóz aguda? bem aquele rapaz é um caso sério, continua por ai, caminhando, lutando e narrando esta pequena história de dois amigos inseparáveis.

terça-feira, 10 de abril de 2012

O Sabiá sabia assobiar

Voltar para o aconchego do lar e dormir, depois de uma longa madrugada de trabalho, eram as únicas coisas que passavam pela minha cabeça, nesta noite fria. No meio do caminho fui despertado pelo lindo o canto de um sabiá, em plena selva de pedra. Era um macho mostrando todo seu charme para fêmea. Em pleno inverno, tudo parecia primavera na época da reprodução. Aquela cena me trouxe uma recordação antiga. Lembrei na mesma hora do Tuffic, um filhote de sabiá branco que escapou da fúria dos gatos do meu tio Zé, um criador inveterado de animais. Machucado, o Tuffic precisava de cuidados, o que fiz com muito carinho. Até comida em sua boca eu dei. Todo este esforço valeu a pena. Tuffic cresceu, aprendeu a voar e, o mais importante, conseguia sobreviver. Não deu outra, devolvi ele para a natureza, com sucesso, afinal era mesmo o seu lugar. Minha maior recompensa era que de vez em quando ele vinha nos visitar. Pousava na nossa varanda e mostrava que o sabiá sabia assobiar. Ficávamos horas ali admirando seu canto gracioso. Mas num dia deste, nossa varanda ficou silenciosa e os nossos corações apreensivos. Foi uma brincadeira muito infeliz. Meus filhos brincavam de atirar pedras e não tiveram dúvidas quando viram o bichinho pousar no seu lugar de sempre. São passados dois anos que vi aquelas penas espalhadas por uma pedra que vitimou o Tuffic, que escapou com sucesso dos gatos e não teve a mesma sorte com meus filhos. Se vivo estivesse estaria cantando alto e jogando todo seu charme nas fêmeas da nossa cidade verde! Dede Marques Diamante/Fabio Silvestre

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Jesus, o Campeão!

Tenho um campeão em minha vida,
com ele sempre encontro uma saida.
Não há barreiras que possam me deter,
com o campeão, eu sei que vou vencer.
Este campeão, mudou minha vida,
ele também quer mudar o seu viver.
Não há barreiras, que possam me deter,
com o campeão, eu sei que vou vencer!
Não existem derrotas, que possam agora vir sobre você.
Se Jesus, o campeão, está em sua vida,
Ele garante a vitória em seu viver!

Ouvindo este hino tão bonito de louvor a Jesus Cristo, escrito e cantado pelo meu amigo Pastor Jose Luiz Rodrigues, eu me emociono, e me torno mais grato ao Salvador da humanidade. E não há data mais propícia para agradecer-lhe por este amor. Sexta feira da paixão, o dia em que o Cristo, na cruz do calvário provou para nós pecadores do que ele saria capaz para resgatar- nos da perdição.
Cristo campeão, porque escapou de ser morto por Herodes, quando ainda era criança. Mateus 2:13
Cristo campeão, porque venceu a tentação do diabo. Mateus 4:1 e 7
Cristo campeão, porque venceu a agonia no Getsêmani, quando orando ao Pai disse: se possível passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres, mateus 26:36
Cristo campeão, porque venceu a morte e ressucitou ao terceiro dia, arrancando das mãos do inimigo a chave da morte. E arrancando das mãos do diabo a chave da morte deu a todos nós a chance de nos tornarmos vencedores e campeões.
E após a sua morte, diante diante de tantos acontecimentos milagrosos: Mateus 27: 50 ao 53, Jesus mais uma vez se mostrou campeão e vencedor, convenceu o centurião e os que com ele guardavam ao Salvador que, verdadeiramente este era o Filho de Deus. Mateus 27:54.
Após ter cumprido a sua missão, deixou um legado, para todos que nele crêrem:
Moradas eternas : Mateus 14:2 na casa de meu pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.
Interceder como sumo sacerdote: Hebreus 7:25. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
Enviar o Espirito Santo: João 15:26 e 16:7. Quando vier o consolador, que eu da parte do Pai vos enviarei, o Espirito da verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim.
Acompanhar seus mensageiros: Mateus 28:20. É me dado todo o poder no céu e na terra.
Coroar aos vencedores: 1 Pedro 5:4. E, quando se manifestar o sumo Pastor, recebereis a imarcescível coroa de glória.
Queres também ser um campeão e vencedor? É simples, crê no Senhor Jesus Cristo e será salvo tu, e tua casa, Atos 16:31. Não é preciso mudar de religião, e sim de atitude. Colocar Jesus Cristo, o campeão como prioridade na sua vida, e deixá-lo guiar o teus passos, para que não pereças, mas tenhas a vida etérna.

Um Homem de Paz

O ano de 1968 foi um ano de grandes manifestações e acontecimentos históricos que marcaram a segunda metade do século vinte.
Em 30 de Janeiro- O exercito Vietcong inicia a chamada ofensiva de Tet, invadindo 34 capitais de províncias vietnamitas e a cidade de Hue.
16 de Março- militares norte-americanos massacraram cerca de 150 civís vietnamitas na aldeia de My Lai, no Vietnã.
28 de Março- O governo da África do Sul apresenta três leis que cuminam no Apartheid.
04 de Abril- É assassinado a tiros, aos 37 anos o pastor negro Martin Luther King, no dia seguinte, ocorrem conflitos raciais em 125 cidades, e a morte de 46 pessoas em Washington.
5 de Abril- É lançado, na Thecoslováquia, o programa de reformas políticas que ficou conhecido como Primavera de Praga.
28 de Abril- Cerca de 60 mil manifestantes protestam, no Central Park, em Nova York, exigindo o fim da guerra no Vietnã.
5 de Maio- Cerca de 10 mil estudantes entraram em choque com policiais no bairro latino Quartier Latin, em Paris, em um protesto contra o fechamento de outra Universidade francesa, a Sorboare, em Paris.
Quando aquela mulher entrou no seu quarto mês de gravidêz, e sua barriga já começava a aparecer, e pelo formato redondo arriscava alguns palpites de qual seria o sexo daquela criança, baseado no que diziam as suas amigas mais experiêntes. Aquela mãe de primeira viajem, misturava momentos de grande euforia, com os de muita preocupação. O ano começara tenso. Logo no primeiro mês de 68 os jornais anunciavam que o ano seria de mais guerras no Vietnã, e o medo desta guerra ter força para eclodir uma terceira guerra mundial - por não ser conhecedora do assunto não tinha certeza, se havia ou não o risco - e comprometer o futuro daquela criança que chegaria em breve.
O que ela não imaginava, era que até o nascimento do seu filho, ainda aconteceriam muitos outros acontecimentos em um ano histórico. E principalmente no mês do nascimento do seu primogênito. Em Maio de 68, na França, houveram varias manifestações de estudantes e da classe trabalhadora que marcaram transformações políticas, culturais e comportamentais em todo o mundo.
No quarto recuperando-se de um parto normal de um belo garoto, -o seu primogênito- e ainda um pouco sonolenta devido o grande esforço físico que acabara de fazer. Antes de dormir um pouco, ouviu no radio de pilhas das enfermeiras uma noticia internacional. " 20 mil estudantes entraram em conflitos com a polícia nas universidades e ruas de Paris", no conflito conhecido como "a noite das barricadas". E antes de cair no sono profundo, ainda teve consiência para pensar novamente, qual será o futuro da humanidade? E deste meu filho que acaba de vir ao mundo? E daquela mesa de parto, no dia 10 de Maio de 68, até o findar daquele ano de transformações, aquela mãe ficou sem saber ao certo a resposta para suas perguntas. Muitas coisas ainda aconteceram no decorrer daquele ano: 5 de junho- Assassinato do senador dos EUA, Robert Kennedy.
26 de Junho- Passeata dos Cem Mil.
21 de Agosto- A Thecoslováquia é invadida por tropas do pacto de Varsóvia, em represália à Primavera de Praga.
24 de Agosto- A França explode, no Oceano Pacífico, a sua primeira bomba de hidrogênio.
02 de Outubro- Confronto entre estudantes da universidade Mackenzie e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP em São Paulo, onde morre o estudante Jose Guimarães.
12 de Outubro- 1.200 estudantes são presos em Ibiúna, quando realizavam clandestinamente o trigézimo congresso da UNE.
05 de novembro- O Republicano Richard Nixon é eleito presidente dos EUA.
Dar a luz a um filho em um ano de profundas transformações políticas, culturais e comportamentais, como foi em 68, fez aquela mãe sofrer por antecipação, mas quem não sofreu, com todas aquelas transformações significativas na humanidade? Mais as preocupações daquela mãe de primeira viajem, foram desaparecendo, à medida que seu filho foi crescendo, e o seu país se livrando das mordaças da ditadura, das torturas nos porões escuros. E a certeza de que seu filho, nascido em um ano de guerras e conflitos, se transformara em um homem de paz.